Todos
dizem que ninguém tem o direito de tirar a vida nem a própria vida. Mas e se
alguém já estiver morto espiritualmente Quero dizer, imaginemos um
indivíduo que apenas continua vivo não por inclinação ou por amor à vida mas
sim que sente que é esse o seu dever. Será que o esforço não
o destrói mais?
É
verdade que a situação em que nos encontramos até pode melhorar, mas e se não
melhorar? Devemos estar à espera de um futuro que não existe? É preciso ser
realista, às vezes as coisas simplesmente não melhoram, por isso
não devíamos viver para o futuro mas sim para o presente, porque é
esse que nos faz sentir.
O
ser humano vive para o prazer, o seu objetivo é a felicidade, e como todos
sabemos essa só é possível sentir no momento, podemos recordar mas não dá para
sentir porque as emoções já passaram. Então, se no momento em que o indivíduo
existe existir uma total ausência de felicidade e tiver conhecimento que tal
coisa não aparecerá em breve, porque terá ele o dever de fingir uma vontade que
não tem?
Eu
acredito que se o indivíduo já não se sente capacitado para aguentar a pressão
do mundo, sociedade, rotina, amizades e tudo o que lhe rodeia, não devia ser
julgado por desejar a morte. Talvez por a minha inclinação ser essa, a minha
crença esteja influenciada, mas compreendam que viver para agradar os outros,
os amigos e a família, não é viver. O ser humano é um conjunto pensamentos,
emoções e sensações, o corpo é apenas algo que carrega o nosso conteúdo. As
pessoas preocupam-se mais com o que é físico, mas se apenas existir isso, então
não passamos de um pedaço de carne ambulante consumido pela escuridão.