Um dia, enquanto passeava com destino
desconhecido, descobri este ser entusiasmante. Transportava uma carga pesada
capaz de o engolir, era monstruosa e escura com uns detalhes verdes que mal se
notavam por serem tão escuros como o resto do corpo.
Este indivíduo fazia esforços para a
carregar, e empurrava-a com tanto vigor que quando subia ,a rua que eu descia,
transpirava esse desespero, não reparei na cara pois ele não tirava os olhos da
criatura e achei mais interessante o traje que ele trazia vestido. Ele
ajustava-se à carga e ao mesmo tempo fazia contraste, a roupa não era escura
mas era verde como os detalhes da sua sócia; havia ali uma certa harmonia.
Enquanto ele subia, ia com paciência, fazendo
umas paragens para alimentar a besta, este ser dominado saciava-a com restos da
sociedade que vagueavam pelo chão. No entanto, não o fazia com gosto,
reparava-se que cada vez que se baixava para apanhar o alimento da companheira
soltava um suspiro cansado; resmungava com as folhas, os pacotes de batata
frita, os papeis e até com as inocentes migalhas.
Mais tarde compreendi o seu descontentamento,
ele não se importava que a sócia fosse pesada e que a tivesse que a alimentar
com tudo o que encontrava, o que o incomodava eram as pessoas que não tinham
respeito pela casa de todos e abandonavam tudo o que perde-se interesse no
chão. Estas ignoravam-o dizendo que se tratava de apenas mais um homem do lixo.