sexta-feira, 21 de junho de 2013

O homem da Besta

Um dia, enquanto passeava com destino desconhecido, descobri este ser entusiasmante. Transportava uma carga pesada capaz de o engolir, era monstruosa e escura com uns detalhes verdes que mal se notavam por serem tão escuros como o resto do corpo.
Este indivíduo fazia esforços para a carregar, e empurrava-a com tanto vigor que quando subia ,a rua que eu descia, transpirava esse desespero, não reparei na cara pois ele não tirava os olhos da criatura e achei mais interessante o traje que ele trazia vestido. Ele ajustava-se à carga e ao mesmo tempo fazia contraste, a roupa não era escura mas era verde como os detalhes da sua sócia; havia ali uma certa harmonia.
Enquanto ele subia, ia com paciência, fazendo umas paragens para alimentar a besta, este ser dominado saciava-a com restos da sociedade que vagueavam pelo chão. No entanto, não o fazia com gosto, reparava-se que cada vez que se baixava para apanhar o alimento da companheira soltava um suspiro cansado; resmungava com as folhas, os pacotes de batata frita, os papeis e até com as inocentes migalhas.


Mais tarde compreendi o seu descontentamento, ele não se importava que a sócia fosse pesada e que a tivesse que a alimentar com tudo o que encontrava, o que o incomodava eram as pessoas que não tinham respeito pela casa de todos e abandonavam tudo o que perde-se interesse no chão. Estas ignoravam-o dizendo que se tratava de apenas mais um homem do lixo.


Sem comentários:

Enviar um comentário