Foi difícil sentir prazer ao ler este livro, não porque a escrita ou a
história fosse complicada mas sim porque criei um grande distanciamento com a
personagem principal. Embora se siga a história pela perspetiva de Henry as
suas atitudes tornam-no, na minha opinião, desprezável. Ele é desde o início
egoísta e egocêntrico, pensando apenas nos seus desejos e na realização deles
mesmos, custe o que custar. Esta personagem apenas serve de exemplo para fazer
uma crítica aos vícios e ao ócio da sociedade, sendo bastante atual em alguns
aspetos.
Tendo em conta o facto de ser um livro quase autobiográfico, e havendo um paralelismo
entre o autor e a personagem, questiono-me se existirá algum sentimento de
culpa pelas suas experiências e atitudes que o levam a pensar nesta personagem que
pouca empatia cria com os leitores.
Em relação à estrutura do livro, fiquei bastante agradada pois, tal como me
disseram, foi bastante clara. Isto é, conseguimos perceber que em cada capítulo
ocorre uma ação diferente ou se fala sobre um determinado assunto inserindo uma
nova informação. No entanto, verifiquei que existiam partes mais subjetivas que
me deixavam na dúvida, dúvida esta que só era esclarecida capítulos mais tarde.
Outros aspetos positivos a destacar são a descrição que é feita sobre a I
Guerra Mundial, onde o autor é muito frontal e quase que nos sentimosintegrados
no conflito. Para além disso, podemos dizer que o seu tom realista se revela,
nomeadamente, na forma verosímil como as personagens pensam. Face a um mar de
ideias misturadas, o autor não tenta compô-las; mas antes as expressa tal como
surgem no pensamento da personagem, tal como esta as pensa, através, por
exemplo, de dúvidas, interrogações ou pausas.
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